segunda-feira, fevereiro 20, 2012

Tsunamis.

Para com isso.
Para de me olhar no escuro e tentar desvendar o que está claro, claro.
Calado, o coração sacode essa emoção que não cabe em mim, não sai de mim.
Para com tudo
Esbarra nessa minha rima tímida. Nesses quases, gases de sol.
Para ser o que há de sincero em mim, há de ser o que há de vanguardista, artista, surfista das ondas que batem  e deformam esse pedregulho.
Engulo.
A seco.
Sustento que em mim já não há mar em calmaria, nem dia ensolarado.
Há tardes revoltosas, tsunamis que devastam essa mulher que
Para.

quarta-feira, março 30, 2011

Palavras Dele


.. e Ele disse que a amava.
A surpresa e delicadeza da palavra
indiscreta como uma saia ao vento.
Saborosa como devorada no pé.
A surpresa que de presente recebera.
o amor que inconsequente se mostrava.
A certeza de que, sozinha
Ela não mais estaria.
Ele disse que a amava.
Ele disse tudo.

terça-feira, março 01, 2011

Por Mares Nunca Antes Navegados


Pretendo não escrever rimando
Pois te amando, me furto de ser clichê.
Em você, um tormentoso amor que me mantém acordada.
O dia na madrugada a me despertar.
"Acorda, Doce! Por que dormes?
Se é com os olhos assustadoramente abertos que sonhamos"
E segue iludindo a noite, projetando no céu de saturno os sonhos que inventa.
O homem com a certeza irascível de quem foi e quem é.
O menino que rouba estrelas e enfeita o futuro. Deixe-me seguir esse cometa.
Na cauda desse meteoro, o mundo passa em flashes relâmpagos.
Mas há de se notar a constelação em volta, menino!
Mercúrios, Júpiteres, Vênus, Uranos ainda circundam seu universo.
O vento acaricia a nossa pele e o cometa toma fôlego em meio aos outros corpos celestes.
A Terra do alto, de tão pequenina, parece uma ervilha rejeitada do almoço.
Mas tudo é uma questão de perspectiva.
Decidimos, pois, ver o mundo com lupas, presos aos detalhes das palavras, dos gestos, dos sabores, das cores, dos aromas, das almas...
E iludindo a noite, projetamos no céu de saturno os sonhos que inventamos.
Sim! Agora eu também posso ver!
Os pés livres me permitem navegar,
As mãos desatadas me permitem amar você.
Teria acabado rimando se este fosse o fim.
Mas eu não quero que seja...

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Delicioso Despertar

Um passarinho me desafiou a escrever a partir da seguinte frase:


"...no meio dos espinhos nasceu uma flor."

Drummond fez a flor romper o asfalto e eu própria já havia declarado que "Há flores em meu caminho" em postagem anterior. Desta vez a poesia se revela assim:

No meio dos espinhos nasceu uma flor.
Rompeu em sete pétalas anunciando
Esse novo, delicioso despertar.
Frustrando a solidão e a solidez,
A semente, sutilmente,
Se arrisca a brotar.
Se traduz em algo novo. Concreto.
Ousa colorir a hera.
Pousa para amanhecer
Rompe, sim, em sete pétalas a festejar
Essa nova chance para, em flor,
Nascer.

domingo, janeiro 16, 2011

SalveSalve

Aos que hoje estão nascendo
Abrindo os olhinhos pra esse mundo
Aos que tiveram suas vidas devastadas por essas águas
Aos que agradeceram e renovaram suas preces
Aos que foram amados e souberam amar
Aos que não cruzaram os braços e se doaram mais um pouco
Aos que perderam seus amores
Aos que não mais cultivam dores
Um ano cheio de cores
Um ano, definitivamente, novo.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Cartas de um Estrangeiro

"Alessandra,

Enquanto a olho desejo teus lábios.
Teus olhos me espiam.
Teus cílios graciosamente se fecham.
A tua pele, cravo e canela.
Com o olhar me atormenta.
Teu hálito, menta.
À tua pessoa, admiração.
À tua mão, carinho.
À você...
..de mim..
Amor."

À você, meu bem, todo o carinho que me dedicou e alento em meus braços.
À você, toda a felicidade que sinceramente merece.

segunda-feira, novembro 08, 2010

Pró..Fé..Sou, Rá!

(Acabado o recreio, a professora entra na sala)

- Bom dia, meninos!
- Pow! Zap.Crash. %$&*#!
- Rafael, solte essa cadeira! E a cabeça do Murilo também.
- Professora, posso beber água? Tô morrendo de sede.
- Engraçado, Camila. Você parece saudável. Não está com cara de quem está agonizando no leito de morte...
- Brother, a professora foi sargástica pra caramba!
- Não, Pedro. Eu não fui sargástica e nunca serei, já que o meu mestre Aurélio não permitiria uma barbaridade dessas. No máximo eu seria sarcástica.
- Pedro, você é muito burro, cara!
- Amanda!
- O que foi, professora?! Eu não falei nada. Foi a Flávia.
- É a chamada, Amanda. E hoje, da mesma forma que ontem e certamente como amanhã, você é a primeira da lista. Bernardo...
- Foi suspenso.
- Suspenso?!
- Ele bateu boca com o professor de inglês e chamou ele de metódico.
(A professora, inconformada, pensou que um aluno que soube empregar a palavra metódico de maneira correta merecia, no mínimo, uma medalha)
- Achei, professora. Demorei mas encontrei. Sarcástico é um adjetivo e quer dizer crítico ou irônico.
- Humm, muito bem, Pedro. Mas porque demorou pra encontrar?
- Pô, prof. O "s" fica quase no final do dicionário. Até chegar lá, pô.

(E antes que ela encontrasse qualquer solução para aquela equação de onze anos, o sinal tocou. Eles se despediram com seus sorrisos metálicos e sarcásticos. Na aula seguinte aprenderam sobre o significado da palavra debelar depois que o Murilo foi novamente vítima do Rafael. Mas essa é uma outra lição...)