terça-feira, abril 27, 2010

Há Flores Em Meu Caminho

Um dia de cada vez.
Um passo de cada vez.
Perseverar nos sonhos
E ir plantando as sementes.
Depois é gestar a colheita.
Que seja de flores e bons frutos
E que sejamos muitos a realizar-se.
Mas se acaso houver joio em meio ao trigo,
Que cada um seja capaz de resignar-se,
Apreciando as rosas
E não amaldiçoando os espinhos.
Mas nunca cuidar-se de uma única flor.
Há um jardim inteiro ansiando pelo seu quinhão de cuidado.
...
Um passo de cada vez
Pra desenhar meu caminho.
E se a colheita minguar e não for por agora,
Serenidade,
Que 'o que for pra ser, vigora'.

terça-feira, abril 20, 2010

Shakespeare para a Posteridade

26 de maio de 1999. Provavelmente uma seis horas da tarde.

Querido Diário,

1ª coisa: Hoje tive meu primeiro ensaio como Esmeralda. Foi tranquilo decorar as falas, eu só não consigo inventar a personagem. Não adianta ficar fingindo. Todo munda sabe que ali sou eu dizendo as falas de Shakespeare.
Eu prefiria ter feito "A Bruxinha que era Boa" porque o texto de Shakespeare é muito antigo e ninguém vai entender. É melhor fazer essa peça com uns vinte e poucos anos pra ficar mais real.

2ª coisa: Vou dormir na casa de Nathália amanhã!!!! (Mas ainda não contei pra minha mãe porque ela vai ficar falando mil coisas)

3ª coisa: Tirei 5,5 no teste de matemática. (Mas ainda não contei pra minha mãe porque ela vai ficar falando mil coisas)

(obs: se eu for mesmo dormir na casa de Nathália, a gente vai escrever uma carta pra Rodrigo. Mas sem assinar.)
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Era bem mais fácil quando eu dividia o meu dia em tópicos.
Perdi minha objetividade e me tornei uma atriz que por vezes finge que inventa.
Ainda medrosa quando trato dos meus casos de amor e medíocre quanto às ciências exatas.
Estava certa quando receitei Shakespeare para a posteridade. Só me perdi nas contas (olha a matemática!). Vinte e poucos é pouco demais.

(obs: Tenho vontade de sair de cena de vez em quando. Sem holofotes, sem terceiro sinal. Pra ver se eu deixo de fingir que invento. Pra ficar mais real.)

segunda-feira, abril 19, 2010

Tempos de Solstício

O fim tem gosto de quê?
Gosto da trava do caju,
Da areia quando cai na boca.
Gosto de Novalgina,
De gasolina
Em combustão com a minha roupa.
É uma meia-calça rasgada.
Uma espada engasgada
Que vai abrindo caminho.
Vezes dói,
Vezes sopra.
E por vezes me corta
As cartas, os pulsos,
Os sonhos mais absurdos.
E surpresa! O seu breve au revoir,
Me faz mais uma vez começar
A viver com o coração aos pulos.

***
O amor não percorre o mesmo equador,
E iguais à mim e à você
São muitos.

segunda-feira, abril 12, 2010

Escuta

Dois corpos conversam enquanto se amam
Por amor. Por rancor.
Por paixão. Por prazer.
Por apenas vontade de ser.
Ser um só. Quase um nó.
Os ouvidos devem ser sensíveis à escuta.
Ao silêncio. Ao incêndio.
Se o corpo quer paz, ele pede.
Se quer abraço, ele pede.
Amasso, ele pede.
Espaço, ele pede.
Você não soube compreender
O que meu silêncio ousava dizer.
Fez-se então barulho de guerra
Quando se precisava de paz.
Veja bem, meu bem:

"Não imagine que te quero mal.
Apenas não te quero mais."


(data de abril de 2009 quando descobri que sexo e amor separados podem até contar uma história interessante..mas juntos são imbatíveis)