terça-feira, abril 20, 2010

Shakespeare para a Posteridade

26 de maio de 1999. Provavelmente uma seis horas da tarde.

Querido Diário,

1ª coisa: Hoje tive meu primeiro ensaio como Esmeralda. Foi tranquilo decorar as falas, eu só não consigo inventar a personagem. Não adianta ficar fingindo. Todo munda sabe que ali sou eu dizendo as falas de Shakespeare.
Eu prefiria ter feito "A Bruxinha que era Boa" porque o texto de Shakespeare é muito antigo e ninguém vai entender. É melhor fazer essa peça com uns vinte e poucos anos pra ficar mais real.

2ª coisa: Vou dormir na casa de Nathália amanhã!!!! (Mas ainda não contei pra minha mãe porque ela vai ficar falando mil coisas)

3ª coisa: Tirei 5,5 no teste de matemática. (Mas ainda não contei pra minha mãe porque ela vai ficar falando mil coisas)

(obs: se eu for mesmo dormir na casa de Nathália, a gente vai escrever uma carta pra Rodrigo. Mas sem assinar.)
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Era bem mais fácil quando eu dividia o meu dia em tópicos.
Perdi minha objetividade e me tornei uma atriz que por vezes finge que inventa.
Ainda medrosa quando trato dos meus casos de amor e medíocre quanto às ciências exatas.
Estava certa quando receitei Shakespeare para a posteridade. Só me perdi nas contas (olha a matemática!). Vinte e poucos é pouco demais.

(obs: Tenho vontade de sair de cena de vez em quando. Sem holofotes, sem terceiro sinal. Pra ver se eu deixo de fingir que invento. Pra ficar mais real.)

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