quarta-feira, março 10, 2010

Eu sou do tempo da minha Vó.


Sou alguém do século passado.
A pior parte dessa descoberta não é se dar conta que estou mais velha, mas sim, ultrapassada. É estranho amargar a indigesta sensação de ser deixada pra trás.
Por outro lado, passo a compreender melhor a minha mãe e até a concordar com ela em várias coisas. Da mesma forma, me preocupo menos em dar desculpas esfarrapadas pra quem quer que seja e tenho andado olhando mais para frente do que para o chão.
Em seguida, percebo que apenas ontem me dei conta da existência dos Jonas Brothers e já ontem, o fenômeno musical juvenil não era tão fenômeno assim.
Certo dia no cinema fiquei levemente irritada com os risinhos vindos do fundo da sala. Eram adolescentes. Logo vi. Engraçado é que, não faz muito tempo, era eu quem, provavelmente, irritava os pagantes e os meio-pagantes que iam ao cinema para (surpresa!) ver o filme.
Neste domingo, entre violão e amigos, cantarolava afinadamente o repertório dos Paralamas e da Legião. E me vi completamente familiarizada com os sucessos que, embora eternos, perderam espaço para os hits sertanejos e agudos de um tal Luan Sacana, digo, Santana.

A sensação que tenho é que as coisas lá atrás eram melhores. Até a coca-cola tinha mais gás. O chandelle também era mais gostoso. Mas a verdade é que as coisas estão, inevitavelmente e incrivelmente, diferentes.

Confesso que não fico triste com o tempo que envelhece em progressão geométrica. Não fosse o problema da gravidade que, de forma cruel, nos mostra a parte azeda de ficar mais velha, o processo seria perfeitamente administrável. Mas esse pepino empurramos com as agulhas enquanto der. Afinal de contas, o Botox, que é uma invenção do século passado, ainda está na moda, graças a Deus.