quarta-feira, janeiro 20, 2010

E(u)rótica.

...e de repente ele disse que me amava.
Cristo! Logo eu! De serena, quase nada.
Cheiro bom de roupa lavada,
A barba sempre por fazer.
A cara de quem me mantém enganada.
Por fé, resolvi crer.
E a vontade de que seja (e)terno.
Se tocasse Marina,
Seria outra rima. Fulgaz.
Mas é muito, e fico calada.
Silenciosamente encantada
Com os toques que precedem os "aaais".
E o dia vai rompendo a me lembrar
Que à noite todos os gatos são pardos.
E que na manhã seguinte a gente vai se castrar.
Mas pra quê pensar nisso agora?
Se já é chegada a hora...
Antes que se vá,sonhos vêm.
Marisa. Roberto. Legião.
E chega ao céu! Assim seja. Amém.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

Rosa Sonhava Conhecer o Mar





E ela espreitava da janela
Devorando com os olhos
O que não tinha nas mãos
Trazia na vista comprida...comprida
A saudade do que não teve
Sonhos que vem e que vão.


Quem te semeou, Rosa
Sabia que de tão bela assim
Havia de ter espinhos
Que de tão triste
Havia de ser sozinha.

Ela enfeita. Ela é festa.
Mas fenece em uma semana.

Pequeno Milagre.

Escrevi em 2007 quando, em uma manhã como outra qualquer, pensei estar grávida. Hoje, depois do acontecido, meu sonho de consumo (ironicamente), é ser mãe.

De uma hora para outra pensei que estivesse grávida. Mais que isso. Eu tinha certeza. Certeza de que ele crescia em mim. Pulsava a me lembrar que nada seria como antes.
Amigos, irmã, professora, meu namorado (ele seria pai!)..todos gestavam a minha angústia. Me cerquei de todos os palpites e promessas pra todo tipo de santo. Imaginei o berço ao lado da cama, o choro na madrugada, a barriga estriada pesando noventa quilos, as horas perdidas, os anos... Uma coisa tão pequena e tão grande, meu Deus.
Decidi que não o queria. Precisava conhecer Machu Picchu, encenar, pelo menos, duas peças do Nelson, namorar e casar mil anos depois. Queria tudo, menos ser mãe.
Fui ao médico. Fiz os exames e quase tive meu filho antes da hora tamanha a ansiedade. Penei com a espera. Enjoei, chorei, sofri por uma vida inteira. Sobrevivi. Abri o exame. Li. Li outra vez. Negativo. Na vida a gente sempre espera um "sim" pra tudo, mas aquele "não" me libertou de qualquer possível clausura.  Negativo. Respirei, enfim. Me senti com vinte anos, com mais vinte pela frente. Ao mesmo tempo, fui tomada por uma sensação de culpa por ter frustrado a vida do meu filho antes mesmo que ele viesse para mim. Senti que não fui escolhida. Não possuía aquele brilho a mais que só as mães têm. Algo como ser tomada por um amor incondicional.
Desejo que aos trinta e cinco eu seja suficientemente humana, madura e mulher para me doar, ir às festas na escola, sair no meio da noite para levar o pequeno ao hospital, me emocionar com as suas conquistinhas e reconhecer em seu rosto e gestos muito de mim. Coisa de mãe.