segunda-feira, janeiro 18, 2010

Pequeno Milagre.

Escrevi em 2007 quando, em uma manhã como outra qualquer, pensei estar grávida. Hoje, depois do acontecido, meu sonho de consumo (ironicamente), é ser mãe.

De uma hora para outra pensei que estivesse grávida. Mais que isso. Eu tinha certeza. Certeza de que ele crescia em mim. Pulsava a me lembrar que nada seria como antes.
Amigos, irmã, professora, meu namorado (ele seria pai!)..todos gestavam a minha angústia. Me cerquei de todos os palpites e promessas pra todo tipo de santo. Imaginei o berço ao lado da cama, o choro na madrugada, a barriga estriada pesando noventa quilos, as horas perdidas, os anos... Uma coisa tão pequena e tão grande, meu Deus.
Decidi que não o queria. Precisava conhecer Machu Picchu, encenar, pelo menos, duas peças do Nelson, namorar e casar mil anos depois. Queria tudo, menos ser mãe.
Fui ao médico. Fiz os exames e quase tive meu filho antes da hora tamanha a ansiedade. Penei com a espera. Enjoei, chorei, sofri por uma vida inteira. Sobrevivi. Abri o exame. Li. Li outra vez. Negativo. Na vida a gente sempre espera um "sim" pra tudo, mas aquele "não" me libertou de qualquer possível clausura.  Negativo. Respirei, enfim. Me senti com vinte anos, com mais vinte pela frente. Ao mesmo tempo, fui tomada por uma sensação de culpa por ter frustrado a vida do meu filho antes mesmo que ele viesse para mim. Senti que não fui escolhida. Não possuía aquele brilho a mais que só as mães têm. Algo como ser tomada por um amor incondicional.
Desejo que aos trinta e cinco eu seja suficientemente humana, madura e mulher para me doar, ir às festas na escola, sair no meio da noite para levar o pequeno ao hospital, me emocionar com as suas conquistinhas e reconhecer em seu rosto e gestos muito de mim. Coisa de mãe.

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