domingo, março 28, 2010

Na Crista Da Globalização.

Enquanto esperava o ônibus que, pelo adiantado da hora, viria lotado e aos solavancos, me tornei espectadora de um grupo de mullheres e crianças que não sei bem se faziam parte de uma mesma família. Ao tempo que uma jovem gestante desembaraçava o cabelo zangado de uma menina que tinha o pé direito amputado, outra retivara a sandália havaiana do pé e lançava contra a palma da mão de um garotinho até bonitinho que, mais tarde descobri, se tratava do filho da jovem, da gestante. Meio minuto depois, o menino levava à boca a mão "palmeada", transportando entre os dedos os milhares de germes que lhe eram bem familiares.

Eis que surge um vendedor de trident anunciando "dois por um real". Eu achei uma pechincha e prontamente resgatei uma moeda do fundo da bolsa. Neste momento encontro também o outro par de um brinco dado como perdido. Comemorei silenciosa a sorte de tive pelos tridents e pelo velho brinco novo.

Adiante, uma senhora de coque exasperou-se porque o garotinho até bonitinho, enquanto corria irrequieto, atropelou o seu caminho. A mulher das havaianas novamente o repreendeu com uma palmada sonora.

À essa altura, os milhares de germes combatiam com os milhares de anticorpos que o garotinho adquirira ao longo dos seus prováveis sete anos.

O ônibus chegou e mais uma vez fiz todo o trajeto em pé. Nem pude cochilar. Talvez fosse melhor me manter acordada.

Agora estou aqui na aula mascando meu trident de canela, pensando que talvez pudesse ir ao cinema amanhã. Enquanto isso, o mestre, sem platéia, fala sobre a Globalização tal qual meu professor de história do 2° grau. Ainda bem que é sexta, e não, segunda.

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